sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

DE VOLTA AO MUNDO DA LITERATURA











Abaixo alguns fragmentos da obra literária "Recordações do Éden", do autor Salvatini da Silva, lançamento recente da Editora Deuses, disponível para aquisição direta da editora em www.editoradeuses.com.br, ou em várias livrarias/sites especializados.

"Na vida sempre existe uma primeira vez. E eu, naquele primeiro beijo da minha, experimentei medo, desproteção, arrepios, pudor, volúpia, receio de mostrar a ele toda a minha inexperiência... Uma gama tão grande e variada de sentimentos que nem fui capaz de discernir se tinha ou não gostado.


Porém, agora a iniciativa era toda minha. Eu agi tão diferente de como tinha sido até aquele dia! E penso até que o trauma causado por Isaac e seu comparsa agora ficava definitivamente esquecido, pois, sem pensar em mais nada eu lhe ofereci minha boca para o segundo beijo, não dando a mínima ao que ele pudesse pensar daquele meu atirar ao prazer.


Depois veio o arrependimento, acompanhado duma vergonha indescritível, quando no outro dia eu me lembrei daquele desembaraço de que tinha sido capaz. Mas aí já era tarde. Um desejo devastador de tê-lo o mais próximo possível de mim já me dominava. E a vergonha perdia espaço para o sentimento que eu ainda não sabia o que era, mas hoje sei que só podia ser ela: a paixão.

Aquela noite, como seria de imaginar, não terminou nos beijos e abraços sob o luar. Quando, enfim, eu fui capaz de me afastar para o quarto, por bons dez minutos ele permaneceu lá. Eu penso que a sua cabeça também fervia na tentativa de explicar o que estaria acontecendo, pois, também a ele aquilo deveria ser inusitado.


E aconteceu que eu não pude evitar o que estava predestinado para aquele dia. Ele não dormiu em seu colchão estendido na cozinha, como vinha fazendo desde que eu me abrigara em sua casa. Entrou no quarto e, sem que eu o recusasse, deitou ao meu lado em decúbito dorsal, como quem apenas quisesse conversar. Ficou lá tentando me fazer acreditar que nada quisesse em especial, puxando assuntos que – ele pensaria – pudessem me interessar. 
Sem coragem para expulsá-lo da minha cama, meu coração começou a pular tão violentamente que, com certeza, ele percebia o meu descontrole. E quando dei por mim eu já estava novamente aninhada em seus braços, agora experimentando mais medo que qualquer outro sentimento.


Você não duvide do que vou dizer: sendo uma moça de meus vinte e sete anos, àquela altura da vida eu não devia mais ser virgem. Mas eu era! Nunca na vida eu tinha visto os homens como o que eles realmente eram. Quando via os rapazes se desmanchando em verdadeiras macaquices para serem descobertos pelas garotas, cá comigo mesma eu me divertia. Eles realizavam os gestos mais engraçados para serem percebidos como alguém atraente, inclusive por mim. Eu os via tão tolos que achava impossível adivinhar o que se passaria em suas cabeças para fazer tanta bizarrice. Mesmo eles tentando disfarçar, aquilo que faziam era bem perceptível e muito engraçado.

Eu os percebia tão estranhos porque ainda não tinha provado do veneno capaz de contaminar até a alma. Mas, naquela noite, a minha visão acerca daquele assunto mudou definitivamente. Ali naquele casebre que eu já considerava a minha casa, pela primeira vez eu experimentei essa coisa que hoje já não me atrai tanto, mas que é capaz de levar uma pessoa à loucura completa. Vendo Francisco ali ao meu lado na cama, daquele jeito tão descontraído em que jamais sonhara vê-lo, eu me deixei levar pelas circunstâncias, mesmo precisando exorcizar o medo arrepiante do que considerava inevitável.

Acabei me enfiando embaixo do cobertor, fino era verdade, mas capaz de aumentar consideravelmente a temperatura do corpo. Afinal, estávamos em outubro, mês em que por aqui é muito mais verão que primavera. Ainda que inconsciente, tanto para mim quanto para ele, aquele gesto era a minha deixa para ele se aproveitar da situação.

E ele não perdeu tempo: meteu-se também sob o cobertor e foi se achegando mais, numa demonstração de coragem que até aquele momento eu não sabia de que ele fosse capaz. Deslizava as mãos sobre o meu corpo, deixando-me desconcertada e vergonhosa. Invadida pela primeira vez em minha intimidade eu experimentava um cruel antagonismo em que a vergonha competia com o desejo de que não cessassem aqueles carinhos, nem o hálito morno a perpassar a minha nuca, criando aquela situação de arrepio. Nem que parassem as carícias no meu busto ou o peso massacrante do seu corpo quando ele se jogava sobre mim dando a impressão de querer impressionar pela ousadia..."





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