quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

       



OS LARÁPIOS - Pequena Amostra.


Desde a sua inauguração, há mais de trinta anos, o estabelecimento sempre foi um dos mais badalados da cidade. É só o sol se pôr que já começam a aparecer os boêmios dispostos a beber e a degustar tudo o que lá é servido. Desde as guloseimas mais banais, como as diminutas porções de filé mignon no espetinho, pastéis e coxinhas, até as pizzas e os pratos mais requintados capazes de satisfazer aos mais exigentes paladares, tudo ali é saboreado. Sem falar nas bebidas – um capítulo à parte –, para atender aos gostos mais extravagantes. Da cachaça rebenta peito aos drinques mais sofisticados, passando pelos vinhos das melhores qualidades e das safras mais apreciadas, não importando a nacionalidade. Nunca deixando de lado o chope e a cerveja, tudo ali é servido para atender à mais eclética das freguesias.
       Num ambiente como aquele, onde se mesclam gente simples aos maiores dignitários da cidade, além das moças de família, e outras nem tanto assim, até crianças são vistas, em flagrante desrespeito às leis protetoras dos menores de idade. Percebendo ser ali um daqueles lugares onde todo gato é pardo até que se prove o contrário, Rubião trata de se enxerir entre aqueles fregueses na tentativa de garantir a própria sobrevivência pelos próximos dois ou três dias.
       Em suas andanças de até hoje à procura de sua maior preciosidade perdida ele sempre ouviu falar de Maringá. Mas nunca imaginou a cidade com toda aquela pujança e ostentação de riqueza, ao menos pelo que ele pôde deduzir numa visão repentina e superficial. Como sempre faz ao chegar num lugar desconhecido, antes de tudo ele andou por praças e avenidas, observando o macro ambiente, os estabelecimentos comerciais, os trajes e os comportamentos das pessoas, os tipos de automóveis a transitar... Além de dispensar atenção especial à Segurança, mais propriamente ao número de policiais nas ruas e à existência de câmeras de vigilância. Depois, ao anoitecer, examinou os hábitos noturnos da população na tentativa de descobrir onde lhe seria possível angariar seus meios de sobrevivência. Anotou os nomes de todas as ruas, praças e avenidas por onde andou – o seu truque mais usado para demonstrar conhecimento da cidade onde estivesse e não se denunciar como forasteiro.
       O último carro usado por ele fora deixado a uns três quilômetros do perímetro urbano, fora da rodovia em meio à plantação, num lugar impossível de ele ser avistado, a menos que o agricultor passasse por lá a cuidar da lavoura. A pé caminhou mais ou menos uma hora, entrando na cidade pela Avenida Morangueira – que depois tem o nome mudado para Avenida São Paulo – até onde ela cruza com a Avenida Brasil, já na parte central da cidade. Andou pela Brasil no entardecer, percorrendo quase toda a sua extensão, até uma de suas muitas praças onde se viu diante duma escultura em bronze de aproximados quatro metros de altura, representando uma pessoa indistinguível quanto ao gênero. Completamente estranha, a imagem chamou-lhe a atenção pela estatura extravagante e a desconcertante magreza, além dos braços erguidos como alguém que tivesse sido surpreendido por um assaltante. Uma figura totalmente diferente de tudo o que se pode esperar dum ser humano comum! Indagando aos transeuntes ficou sabendo o monumento ser chamado de Peladão, por sua estranha pose a representar uma pessoa desprovida de roupas, a não ser um ramo de parreira, cuja inspiração do escultor ninguém soube explicar. Assim ele permaneceu ignorante ao fato de o monumento ser a homenagem aos desbravadores daquelas terras onde há mais de meio século tiveram a coragem de adentrar o sertão para construir a cidade, hoje uma das mais pujantes do país.
       No entanto, mesmo o monumento lhe parecendo tão singular, ele não era o foco principal de Rubião na cidade. Seus objetivos nunca tinham sido conhecer a história dos lugares por andava, muito menos as motivações dum artista para realizar algo tão bizarro àquele ponto. Por isso, a noite já começando a cair, era preciso seguir seus instintos à busca do que era necessário. E ele logo enveredou pela Avenida Curitiba, passando rente a um hospital para descer até aonde ela desemboca na Praça Manoel Ribas – logradouro das noites mais efervescentes, onde se concentram os melhores estabelecimentos noturnos da cidade, para lá escolher aquele onde entrou. A clientela misturava, num mesmo ambiente, respeitáveis senhores com suas esposas, cidadãos com ares de executivos, damas solitárias, jovens e até crianças.
       Para Rubião era imperioso não errar na avaliação. Por isso, antes de escolher em qual “buteco” entrar ele se ateve aos perfis dos frequentadores de cada um deles que eram no mínimo uma meia dúzia a pouca distância uns dos outros. Modelos de carros, vestes das damas e galhardia dos cavalheiros eram critérios infalíveis para a escolha de suas vitimas. E, por aquele critério, logo sua escolha estava definida. Antes, porém, era preciso pensar num meio de fuga, caso seu plano não funcionasse como o esperado. Por bons dez minutos ele esteve a observar os carros estacionados nas ruas próximas, até descobrir um que, além de pertencer a um frequentar do estabelecimento escolhido, pudesse propiciar autenticidade nos imprevistos passíveis de acontecer quando estivesse a fugir. E logo ele apareceu, deixado numa rua transversal não muito distante do bar, a mais ou menos uns cinquenta metros de lá.  Definida a vítima agora era só adentrar o mesmo bar que ela para dar continuidade ao plano.
       “Definitivamente elas são mais abusadas que os homens!” – escandalizou-se ante o vozerio daquelas senhoritas com ares de donzelas suplantando os homens em manifestações nada elegantes. “Depois de duas ou três doses elas perdem de vez a vergonha!” – se abobou ao ouvir os palavrões, a ele mesmo impronunciáveis, vomitados de tão belas bocas.  Evitou o garçom que, cortesmente, já se lhe dirigia a indicar a mesa onde deveria sentar-se. Não pôde aquiescer à gentileza, porque antes de tudo era preciso estudar a vítima, absorvendo todos os gestos por ela praticados a fim de evitar surpresas na hora de agir. Além daquilo, para a fuga ser bem sucedida seria imprescindível ter o caminho aberto sem nenhum obstáculo. Por isso o lugar não podia ser aquele que, sendo ele ali nada mais que um estranho, provavelmente ser-lhe-ia oferecido pelo servente.
       O carro escolhido não lhe causaria nenhuma crise de consciência, pois, o seu dono – homem branco e dono dum corpanzil de fazer inveja – certamente não sentiria tanta falta dele, já que o seu jeito indicava ele ser dono de outros ainda melhores que aquela Hilux de onde desembarcou na companhia da mulher que só podia ser sua esposa e do moleque de seus doze anos, com certeza seu filho.
       Acomodado na mesa ao lado daquela onde estavam suas pretensas vítimas, e percebendo a facilidade proporcionada pelo descuido do cidadão cuja chave do veículo fora deixada à mesa sobre a toalha num ponto onde distraído que parecia ser ele não perceberia a sua subtração, Rubião se permitiu um pouco de relaxamento. Além de tudo, o lugar era o melhor que poderia ter sido escolhido, propiciando-lhe observar grande parte dos acontecimentos à sua volta. Era uma mesa pequena para no máximo duas pessoas, posta bem ao canto donde era possível enxergar a porta de entrada e boa parte da avenida, além de propiciar atenção às mesas mais ocultas na penumbra, capazes de proteger a identidade dos frequentadores, que também serviria a quem desejasse maior intimidade para tratar de negócios que não pudessem ser do conhecimento de estranhos aos envolvidos naqueles assuntos.
       O ambiente era grandemente agitado. Lá estavam moças e rapazes esportivamente vestidos, homens de bermuda e chinelo, mulheres elegantes, até fidalgos trajados à caráter. E apesar da proibição ao fumo em lugares fechados, era bem visível a nuvem de fumaça a levitar, iluminada pelos fachos de luz a descer dos abajures que projetavam claridade direcional sobre as mesas.
       O burburinho era dos mais consideráveis, cada um procurando ser ouvido da forma mais clara possível, não importando que para isso fosse preciso suplantar as outras vozes que também se elevavam às alturas para serem compreendidas. O resultado era aquela balburdia beirando à loucura, onde para ser entendido elevava-se cada vez mais o tom, até o ponto em que o ambiente se tornasse idêntico a uma feira livre onde os mercadores gritassem a plenos pulmões para desovar suas mercadorias. E ainda havia a música ao vivo que os artistas executavam em elevados decibéis, contribuindo ainda mais para que o ambiente fervilhasse para muito além da razoabilidade.
      Antes de deglutir o primeiro gole da cachaça mais em conta que viu no cardápio, Rubião deteve a mão com o copo a meia distância entre a mesa e sua boca, permanecendo estático naquela posição ridícula por alguns instantes. Até que, não querendo chamar tanto a atenção, engoliu de uma só vez a pinga, para novamente se ater àquilo que lhe soou como a mais nítida loucura da própria cabeça. Aquela cara lhe era muito familiar, embora, sendo ali a sua primeira vez naquela cidade, aquilo lhe soasse como o maior dos impossíveis. Se fosse verdade a sua desconfiança, aquela seria a mais improvável das coincidências, já que ele nunca tinha sido homem de convivências tão sofisticadas como lhe pareceu ser a daquele sujeito que seus olhos viam, nem jamais ele poderia ter se envolvido com um fidalgo daquele porte, apesar de o desleixo pessoal representado pela barba há alguns dias sem fazer e o abdome avantajado contribuir mais ainda para que o homem lembrasse alguém conhecido. Aquela cara só podia ser muito semelhante à de alguém que ele já vira, nada mais que uma figura idêntica a alguma que ele tivesse conhecido – embora, para manter qualquer contato com ele, tal pessoa nunca pudesse se vestir com tanto esmero.
       Aquela figura o encasquetou até à indiscrição de não conseguir desviar dela o olhar, quase a chamar a atenção das pessoas que lá estavam à mesa com ele. Dentre aqueles convivas estava uma guria de seus vinte e tantos anos, com jeito espoleta, além de se mostrar bem relacionada com todos os frequentadores daquela ala reservada do bar. Perambulava de mesa em mesa, se entretendo com muitos daqueles fregueses; em seguida voltava à sua mesa, aonde aquele sujeito parecido com alguém que Rubião conhecia permanecia em infindáveis assuntos com outro sujeito aparentando ser da mesma estirpe que a dele.
       Tanta exposição acabou deixando a moça em evidência aos olhos de Rubião, que já não dava a mesma importância ao sujeito de físico desleixado, apesar de bem vestido, que só podia ser o pai dela. Agora ele se ocupava das coisas que a via fazer. E para sua sorte – ou sua desgraça! – a moça fez algo totalmente descabido entre pessoas da mesma marca que a dela: sutilmente passou a mão na carteira que um daqueles fidalgos tinha deixado sobre a mesa. O homem – velho já duns setenta anos – continuou seu prolongado bate-papo com a mulher que tudo indicava fosse a sua velha e outros dois cidadãos com quem o assunto parecia ser dos mais importantes. Ele também deveria conhecer bem a moleca que lhe surripiara a carteira, pois, jamais deveria imaginar que ela fosse capaz de roubá-lo. Sendo possivelmente amiga dele, teve todo o tempo que precisou para retirar da carteira algumas cédulas, escolher umas poucas dentre elas, inclusive algumas moedas, e novamente devolver a carteira onde ela estava. Tudo feito com tanta habilidade que ninguém desconfiou do que ela fez!
       Vendo o que ela fez, Rubião logo se desligou de sua vítima anteriormente escolhida, do sujeito desleixado com a pretensão de ser elegante que pensou ser seu conhecido – de quem a moleca deveria ser filha –, do velho que ela acabara de roubar e de todos os demais que estavam à volta. Agora não perdia a garota de vista, apenas aguardando o momento certo para abordá-la e, com sorte, obter dela o máximo de vantagens que pudesse. Afinal, o que ela tinha feito era a coisa mais improvável entre pessoas da mesma marca dela!
       E a oportunidade logo surgiu, quando a viu se afastar mais uma vez de sua mesa, agora rumando à toalete. Adepto do adágio que diz uma oportunidade ser um cavalo encilhado que nunca passa duas vezes pelo mesmo lugar, antes de se postar à entrada do banheiro para abordá-la sem que ela pudesse dar o alarde do que aconteceria, num lance de pura sutileza, como quem apenas transitasse por ali, esbarrou a mão sobre a mesa para levar a chave do carro da vitima anteriormente escolhida sem que o homem de nada desconfiasse.
       Logo à saída do toalete a pobre moça se surpreendeu com aquele desconhecido a fita-la num semblante ao mesmo convidativo e ameaçador. Tamanha demonstração de veemência não permitiu a ela se esquivar daquele olhar intimidador, pois, certamente aquele sujeito tinha visto o que ela acabara de fazer. E, antes de ela readquirir o autocontrole a surpresa a fez titubear, mesmo lá em sua cabeça os pensamentos insistindo ela não poder permitir àquele desconhecido colocar em risco o seu hábito pervertido que tanta satisfação lhe proporcionava.
       Apesar das constantes acusações de sua própria consciência, seus pequenos furtos sempre tiveram o mérito de proporcionar aquela mesma satisfação, típica dos cleptomaníacos, que agora ela sentia. Mesmo depois da abordagem daquele estranho, ela ainda se rejubilava por mais uma vez ter conseguido ser mais esperta que alguém, ainda que a vítima não passasse dum velho rico e pretensioso, a quem a importância subtraída nunca faria falta alguma.
       Entretanto, agora a situação começava a desandar. Aquele desconhecido, que certamente seria um delegado ou detetive de policia que ela ainda não conhecia, estaria ciente do seu furto praticado há pouco. Então, nem o seu pai, com toda a influência que exercia sobre a Polícia, seria capaz de livrá-la do flagrante. De sorte que a única coisa a lhe parecer sensata naquele momento era aquiescer à intimação e, quiçá, ela pudesse também engabelar aquele sujeito conhecedor da sua falta.
       Ele, bom conhecedor dos dramas de consciência de quem acabasse de cometer um delito como aquele, nem considerou a possibilidade de ela insistir na reação que, em principio tentou esboçar. E não foi difícil intimá-la a segui-lo a certa distância até à porta da rua, antes chamando ao garçom para pagar a cachaça que tinha ingerido.
     – Voce é policial? – Ela facilitou sobremaneira as coisas para ele. Com aquela deixa se lhe escancarou a oportunidade de obter dela o que bem quisesse!
     – Delegado Malvino – ciente de ela estar de guarda totalmente arriada, logo improvisou.
     – E o que voce quer de mim? – Mal conseguindo abafar a voz, numa demonstração de total descontrole, ela facilitou ainda mais as coisas para ele.
     – Em primeiro lugar quero que voce fique tranquila – ele cochichou-lhe aos ouvidos. – Não será bom os teus amigos saber o que voce fez, não é verdade?
     – Eu não fiz nada! – Caindo na armação criada por ele, cochichando ela tentou se defender.
     – Ah, fez! Voce e eu sabemos muito bem o que voce fez. Por isso é bom me seguir sem questionar, senão todos aqui vão saber que voce é uma ladra!
       Ciente de aquele policial ter visto o que ela tinha feito, a moça desandou a tremer, quase não conseguindo manter-se em pé, pois, de repente as pernas pareciam não suportar o peso do corpo; seu coração perdeu o compasso, o fôlego começou a lhe faltar e a voz insistia em não sair. Sua capacidade de raciocínio tornou-se deficitária ao ponto de ela não conseguir pensar em nada que justificasse aquele furto, como sempre acontecia quando alguém descobria outros que ela tivesse praticado – algo tão corriqueiro em sua vida, que jamais tinha lhe criado o menor constrangimento –, apesar de altamente motivadores. Afinal, sua vítima daquela noite era um dos homens mais ricos da cidade, para quem a quantia furtada não passaria de mera ninharia que ele jamais perceberia ter-lhe sido subtraída. Mesmo assim, ninguém, além daquele delegado enxerido, podia saber o que ela tinha feito.
       Acompanhando-o pela avenida mal iluminada por causa das sombras projetadas pelo arvoredo lá abundante, ela deu graças ao passar perto de onde estava Petruchio – fiel guardião, sempre nas proximidades de onde seu pai estivesse, como se do velho fosse a sombra. Apesar de avançado em anos, o segurança tinha fama de ser muito astuto, e ninguém sabia da sua excepcionalidade, pois, demonstrando uma argúcia acima da média, a ele nunca tinha sido difícil convencer que sua particularidade intelectual nada mais fosse que acentuada perspicácia. E, fazendo jus à fama, logo o cão fiel desconfiou que algo errado estaria acontecendo, pois, não era comum a moça abandonar tão acintosamente o pai para ir com um namorado a lugares tão desaconselháveis. Por isso, esforçando pela discrição, Petruchio seguiu-os com o olhar até que começassem desaparecer na penumbra, subindo pela Avenida Rio Branco para onde estava a caminhonete escolhida por Rubião para a fuga.
       Então, considerando improvável que o seu patrão pudesse gostar do que estaria acontecendo, Petruchio deu-se a perseguir os dois, em principio devagar. Mas, na medida em que os via cada vez mais distante, começou correr na tentativa de alcança-los para averiguar o que de fato estaria acontecendo. Percebendo o vulto que vinha atrás, a moça tinha certeza de tratar-se do segurança de seu pai. E não querendo que ninguém de sua convivência soubesse o que tinha feito, mesmo sem saber para onde o delegado a estaria levando para interrogatório, começou também a correr, obrigando Rubião a segui-la para não perder a presa, embora sem saber o que era que tinha dado nela para agir daquele jeito tão improvável.
       “Diabos! Parece que hoje eu me dei foi bem com essa doida” – vendo-a cada vez mais veloz, fugindo ele não sabia de quê, Rubião desconfiou que estivesse se metendo numa enrascada. Embora sem demonstrar convencimento acerca do que fazia, a garota o arrastava numa pressa capaz de fazê-lo desconfiado de suas prováveis intenções. Afinal, se alguém lá carecia de urgência aquele só podia ser ele mesmo, o único interessado em fugir o mais rápido que pudesse daquele lugar. Mas, estranhamente, era ela quem tomava aquela iniciativa!
       E o estranho jeito de ser daquela garota não se limitava à pressa sem saber aonde ir. Passando por uma boutique, mesmo correndo, ela freou seus passos diante da vitrine para observar sua própria imagem refletida no vidro, demorando alguns instantes a passar a mão pelos cabelos e a se virar numa olhadela à sua própria figura – principalmente o quadril – como quem quisesse se certificar de que tudo em seu corpo estava em ordem. Depois prosseguiu a puxá-lo sem saber para onde.
       Agora Rubião já sabia não ter sido mesmo boa ideia se meter com aquele ser que se lhe mostrava completamente inadequado nos modos de agir. Arrastado por ela, a se mostrar dona de uma pressa misteriosa a confundir sua cabeça, ele não enfrentou dificuldades para fazê-la mudar o rumo da corrida para a rua transversal onde estava o carro que ele escolhera para a fuga.
       Parecendo adivinhar o que ele tinha em mente, ela não ofereceu a menor resistência em embarcar na caminhonete assim que o viu acionar o destravamento das portas. Depois, vendo-a demonstrar pressa em sair dali, ele nem desconfiou das causas daquela urgência em evadir-se num avexamento em que ela mesma quase acionou a partida, além de permanecer impaciente com a demorada manobra dele para deixar o estacionamento.

       “Foi por pouco!” – ouviu-a resmungar, como se não quisesse ser ouvida, para que ele não se inteirasse dos seus motivos para fugir dalguma coisa a ele desconhecida. Porém, sendo o momento de extrema tensão, ele foi incapaz de atentar aos verdadeiros motivos da pressa com que, mais que ele, ela tentava sumir daquele lugar. 

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

BONS LIVROS, BOAS LEITURAS II

A facilidade de Salvatini da Silva discorrer, em RECORDAÇÕES DO ÉDEN, a trama sobre a vida dos personagens, nos entusiasma a leitura desta obra. Se você ler como eu a li, tenho certeza que não sentirá o tempo passar, pois, estará tão envolvido com a história que o tempo parecerá ter parado, não conseguirá desprender os olhos.
Existe em Salvatini a vida nostálgica e o drama conflituoso que são administrados de forma inteligente no dia a dia e com altivez, o que parece não ter fim, tanta inspiração vai aflorando da alma e produzindo aquela sensação de alegria no leitor.
Os personagens aventuram-se nas encostas e caminhos e colinas cobertas por belas árvores e campos verdes, com linguajar corriqueiro dos homens interioranos, o que impressiona e cativa.
O drama, encarnado nas letras, desliza suavemente, como barco de papel em águas cristalinas.
Salvatini é prático e explora a natureza de modo sem igual, e suas ideias circundam num mundo mergulhado na nostalgia de onde busca as raízes humanas para desenvolver o entrelaçamento entre os personagens.
No momento inicial da leitura desta obra você aporta, como se fosse num café matinal, envolvido com todas as tarefas domésticas, naquelas horas vazias de um despertar tranquilo, silencioso, contemplando a relva sob o orvalho e a luz do sol ainda infante pincelando a natureza, sob uma orquestra viva e sincronizada pelas músicas dos pássaros e animais, distante, lá num passado.
Esta obra será, decerto, útil para incentivar a criatividade do leitor.
Que o livro seja realmente instrumento para aqueles que gostam de aventuras literárias.

Odair Mario Bordini
Advogado

BONS LIVROS, BOAS LEITURAS

A vida humana só vale a pena quando o
indivíduo caminha na direção do
semelhante de forma abnegada e altruísta,
nunca esperando reciprocidade ao bem
que proporcionar.
No mundo atual, apesar das disputas
entre os indivíduos na busca do melhor
lugar ao sol, da subida desenfreada aos
patamares mais elevados da pirâmide
social, ainda subsistem pessoas que
remam contra a forte maré do egoísmo que
grassa em praticamente todos os
relacionamentos humanos.
Uma dessas pessoas é a principal
protagonista desta obra. Sua obediência
aos preceitos evangélicos não tem limites;
jamais ela passa por um desvalido sem
atentar para a sua fragilidade diante das
indiferenças que o vitima. É como se os
mendigos, moradores de rua, andarilhos
tivessem um ímã a atrair seu olhar
complacente. E não apenas os
necessitados de bens materiais, mas
também aqueles que apesar de abastados
são carentes de paz e de amor, sempre
encontram guarida em seu grande
coração.
Peregrinando por vários rincões brasileiros
ela arrastou sua família a realizar boas
obras em todos os lugares por onde
passaram. Suas aventuras com lances
dramáticos em certos pontos, e cômicos
em outras passagens, levarão o leitor a se
deliciar com a singeleza da narrativa, além
de servir de estímulo àqueles dotados dos
mesmos sentimentos que ainda não
despertaram para as possibilidades de pôr
em prática suas pretensões.

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Maringá, Paraná, Brazil
Um homem em busca de aprendizado nas mais diversas áreas do conhecimento humano.

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